Para ser educação é preciso ter significado...

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terça-feira, 14 de junho de 2011

Progressão Continuada: Progresso ou Retrocesso?

Professor,
eu quero saber
como essa tal
de progressão continuada
pode me ajudar
a aprender
o que a promoção automática
não está dando conta
de fazer

Séries ou ciclos
não importa
quero sim
formar-me
cidadão e
contribuir
com a nação

O que é preciso, professor,
para isso acontecer?
A quem cabe decidir?
Será que alguém
pode me ouvir?

Quero ter um futuro
com letras e números
que façam sentido

Cansei de ser estatística
E ser tratado
Como mais um

Quero agora
o meu direito
a uma educação
com respeito

Quem poderá
me ajudar
é você, professor?



            A essência da proposta anunciava um novo horizonte para a educação e seus problemas. A progressão continuada e a organização dos tempos escolares em ciclos viriam romper com o modelo seriado, classificatório e excludente praticado até então. Avaliação constante, recuperação e reforço no decorrer do processo, aprendizagem individualizada, respeitando-se o ritmo e fase de desenvolvimento de cada aluno. Surgia a solução perfeita para os altos índices de evasão e reprovação.
            Hoje efetivamente encontramos mais alunos nas salas de aula.
No entanto, continuam excluídos em meio à inclusão que a progressão continuada prometia proporcionar.
Ficam mais anos na escola, mas a deixam como se mal tivessem passado pelos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Em qual percurso do caminho a essência se perdeu? Ou será que algum dia chegou a ser praticada verdadeiramente?
            O processo que deveria estimular a aprendizagem e o desenvolvimento efetivo de todas as potencialidades do aluno, incentivando-o a estudar para a vida, e não para a escola, criou acomodação e desestimulação. Por que prestar atenção, participar, executar as atividades, se no final das contas, a promoção virá de qualquer forma? A progressão continuada transformou-se em aprovação automática e o aprendizado integral que se desejava, virou descaso, irresponsabilidade, falta de comprometimento, fracasso.
            Quem devemos culpar: professores, alunos ou ambos? Devemos sim responsabilizar a falta de preparo e democracia com que este processo foi conduzido. Professores e alunos foram orientados, ouviram-se suas opiniões? Ilusão pensar que os pais, apoio imprescindível ao trabalho da escola, foram lembrados.
            O sistema de ciclos e progressão continuada ainda pode dar certo e promover a verdadeira democratização do ensino a que se propôs, respeitando o aluno, sua individualidade e diversidade, valorizando o professor como mediador imprescindível deste processo e que, para atuar como tal, necessita de apoio pedagógico, formação, espaço físico e materiais adequados e grupos de trabalho menores em sala, para que seja possível acompanhar e avaliar o desempenho de cada estudante, estar mais próximo e estabelecer vínculos importantes de confiança e cooperação. Aluno e professor são parceiros nesse sistema, apoiados pelos pais e comunidade.         
            Este é o sistema educacional que desejamos, verdadeiramente atuante e transformador, despojado de interesses outros que não sejam a formação integral do cidadão crítico e consciente.
Não queremos mais indivíduos passivos e obedientes, desconectados de seus direitos e deveres.
            Será este o motivo para que o sistema de ciclos e progressão continuada não tenha sido implantado em sua essência?
            Fica a reflexão...

  por Juliana M. Vilas Boas Mills







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